Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Quinta-feira - 23-02-2006
Fortaleza - Ceará - Brasil
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CÁPSULA DO TEMPO
Documentos serão lacrados hoje e abertos em 2056

      Daqui a 50 anos, esta edição do Diário do Nordeste será lida como parte da história. É que hoje, na sede da Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC), serão guardados documentos, jornais, revistas e fotos que relatam a história deste 23 de fevereiro, da semana e do processo de criação do Rotary Clube Fortaleza Centenário.

      A atividade é uma forma de marcar a criação do grupo, que tem como meta trabalhar e estimular a cidadania da pessoa com deficiência. O material será guardado em uma abertura feita na parede do auditório da SAC e fechada com placa de bronze. Quando os papéis forem retirados, em 2056, o que acontece hoje será relembrado com documentos da época.

      Dentro da cápsula ficarão uma cópia da Carta Constitutiva do Rotary Internacional, a ata da reunião de instalação do Centenário, o termo de posse com os sócios fundadores, seus nomes, fotografias da solenidade de instalação no dia 27 de outubro de 2005, foto com os membros da entidade, as três últimas revistas Brasil Rotário, uma mensagem da rotariana Matusahila Santiago e um breve histórico sobre a criação da instituição. Revistas nacionais e jornais locais também serão armazenados, a fim de registrarem o que aconteceu neste tempo.

      Antigamente, ações semelhantes eram feitas na Praça do Ferreira. Embaixo de um banco, eram enterrados, em um baú, jornais, revistas, panfletos e documentos da época. A cada dez ou mais anos, o material era trocado.

      “Essa é uma forma de resgatar a memória de uma época, mesmo não tendo certeza de que quem está aqui hoje estará neste mesmo local daqui a 50 anos. Esperamos que familiares, amigos e rotarianos estejam aqui, em 2056, para representar este momento histórico”, explica o idealizador da Cápsula do Tempo, presidente da SAC e 2º vice-presidente do Rotary Centenário, o oftalmologista Waldo Pessoa.

      A colocação da cápsula em uma parede da SAC se explica pela relação antiga entre a instituição e o Rotary Clube. Em 1942, quando foi fundada, a Sociedade de Assistência aos Cegos teve apoio fundamental de rotarianos. Nos últimos anos, o Rotary se voltou para ações de saúde, mas com ênfase para a erradicação da poliomielite.

      Segundo o diretor de protocolo do Centenário e presidente indicado para a próxima gestão, Marconi Pessoa, esta nova seção rotariana será voltada para trabalhar em prol do portador de deficiência, principalmente a visual. “Queremos resgatar a cidadania dessas pessoas não só com tratamento clínico, mas principalmente proporcionando a elas oportunidades profissionais, sociais”, esclarece.

      Isso será feito, de início, com a participação de cerca de 30 pessoas que estão engajadas no Centenário, sendo 26 os sócios fundadores. Para Marconi Pessoa, esse foco de atuação é uma maneira de retornar à origem da SAC. “O nosso o trabalho não é só tratar, curar, mas cuidar da sua alma, fazê-lo se sentir em na sociedade”.

      Na parede em que serão guardados os documentos já existe uma outra urna, fechada em 19 de setembro de 1994, em comemoração aos 60 anos da Sociedade, e que deve ser aberta no mesmo dia do ano de 2044. Perto das duas urnas, será descerrada ainda uma placa alusiva à Fundação Educativa de Rotarianos do Ceará (Ferce).

      Segundo o presidente dessa entidade, Augusto Mendonça, a Ferce já está empenhada nas ações pelo portador de deficiência. Tanto que, hoje, na solenidade de fechamento da cápsula, integrantes do Instituto Hélio Góes, da SAC, farão apresentação do primeiro maracatu cearense composto por cegos. Os instrumentos usados na dança foram doados pela Fundação - no total, são 12 pratos, cornetas, pistões e equipamentos de percussão.

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