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Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Sexta-feira - 10-03-2006
Fortaleza - Ceará - Brasil
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DOAÇÃO DE ÓRGÃOS NO CEARÁ
2.020 pessoas na fila de espera


      Pelo menos 2.020 pessoas aguardam na lista de espera por doadores de coração, córnea, fígado e rim, no Ceará. Transplantes que podem recuperar a visão, devolver a saúde aos doentes e, principalmente, salvar vidas são inviabilizados por uma baixa adesão à causa por parte de familiares de doadores em potencial, envolvimento servidores de hospitais de emergência e à insuficiente estrutura de procura, captação e alocação de órgãos.

Foto do Jornal Diário do Nordeste
Maranhense José Ribamar Pinheiro, 42 anos,
recebeu o rim de um cadáver

      A Central de Transplantes do Ceará (Cncdo-CE), mantida na Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), reconhece que, por mais apelativo que os dramas daqueles que padecem na lista de espera, há ainda baixa conscientização do valor humanitário da doação de órgãos e até a desinformação de como envolver-se na promoção de apoio às pessoas enfermas, portadores de transplantes ou de doenças associadas.

      Para o presidente da Sociedade de Assistência aos Cegos, Waldo Pessoa, existe uma diminuição considerável dos transplantes de córnea, desde a centralização em 1998. “Antes, fazíamos somente no nosso instituto cerca de 150 transplantes por ano, com um custo zero para o Governo. Hoje, fica em todo de 300. Esse é um número muito reduzido, tendo em vista de que houve aumento da população”, reclama Waldo Pessoa.

      Pessoa vê como falha no programa a retirada do povo no contexto da nova política. Lembra que antes havia um interesse muito maior da população, inclusive com a mobilização da iniciativa privada e do voluntariado. “Atualmente, essas cirurgias são pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas não existem olhos”, assevera.

      Na verdade, das 2.020 pessoas que estão na lista de espera, nada menos que 1.451aguardam córneas. Enquanto isso, em 2005, segundos dados da Secretaria da Saúde do Estado, foram realizados apenas 311 transplantes de recomposição do globo ocular.

      A coordenada de fiscalização do Cncdo-CE, enfermeira Norma Albuquerque, reconhece que há muito o que fazer na busca ativa, tais como ligar para os hospitais em busca de doadores em potencial, conscientizar as famílias, que têm a responsabilidade da autorização ou não pelas doações e favorecer um envolvimento dos profissionais de saúde, sobretudo aqueles que atuam no serviço social, para que informem as centrais os casos de pacientes potenciais.

      Além disso, Norma diz que, ao contrário de outras causas, não há no Ceará um envolvimento de Organizações Não Governamentais (Ongs) voltadas exclusivamente para essa problemática. Do mesmo modo, empresas públicas e privadas têm uma participação tímida na formação de um grupo de voluntários engajados com o programa.

      Contudo, Norma vê avanços na forma de centralizar os serviços de transplantes. Na sua avaliação, tornou-se um meio muito mais justo e democrático, evitando assim que pessoas utilizando influências de qualquer natureza, inclusive com poder econômico, tenham chances “para que se pule a fila”, diz.

      Do mesmo modo, elogia a proibição determinada pelo Sistema Nacional de Transplante, no tocante a abordagem que antes se fazia a familiares para a obtenção de órgãos junto a cadáveres. “Havia uma situação de grande pesar para uma família enlutada e essa abordagem, felizmente, passou a ser feita por profissionais”, ressalta.

      A Acncdo-CE foi criada no dia 9 de junho de 1998 e funciona 24 horas ininterruptamente, localiza-se na própria sede da Sesa.

      SERVIÇO: A Central de Transplantes do Ceará funciona na Sesa- Endereço: Av. Almirante Barros, 600, Praia de Iracema. Telefone: (85) 3101.3238. E-mail: cncdo@saude.ce.gov.br- Responsável: Eliana Régia Barbosa de Almeida


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