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Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Domingo - 03-09-2006
Fortaleza - Ceará - Brasil
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MUTIRÕES
SUS muda regras das cirurgias seletivas


     Há quatro meses esperando uma cirurgia de varizes, na Santa Casa de Misericórdia, Maurício Jerônimo está há cinco meses sem trabalhar, desde que o seu médico proibiu a sua atividade como pizzaiolo. Com as pernas inchando facilmente, por estar com a circulação sangüinea comprometida, ele está passando por dificuldades financeiras desde que saiu do trabalho para aguardar uma solução para seu problema.

     Maurício Jerônimo é uma das pessoas que ficaram prejudicadas com o fim das cirurgias por mutirão, realizadas também para catarata, próstata e retinopatia diabética por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

     A nova medida, adotada desde 28 de fevereiro deste ano pelo Ministério da Saúde (MS), tem como objetivo remanejar recursos para outros tipos de cirurgias consideradas igualmente urgentes.

     Apenas 10% do número total de cirurgias por mutirão foi mantido nas unidades hospitalares públicas e conveniadas. No caso da Sociedade de Assistência aos Cegos, antigo Instituto dos Cegos, por exemplo, o número de operações mensais caiu de 300 para 28. "É uma coisa terrível. Temos crianças na fila", argumenta o diretor Valdo Pessoa.

     Para o oftalmologista Francisco Airton, o que está faltando desde a mudança de sistemática das cirurgias eletivas é uma programação anual. "Simplesmente reduziram em 90% o número de procedimentos e tem gente que ficou prejudicada", diz.

     O Programa de Cirurgias Eletivas do Ministério da Saúde, criado em março de 2005 e que beneficiou até agora 150 mil pessoas, terá as verbas duplicadas este ano e passará por aperfeiçoamentos que fortalecerão o controle dos gastos públicos. Os recursos passarão de R$ 184 milhões para R$ 400 milhões. Além disso, os procedimentos feitos em regime de mutirão (cataratas, varizes, próstata e retinopatia diabética) foram incorporados ao programa. Ao todo, estarão disponíveis 64 tipos de cirurgias.

     O oftalmologista Rafael Marques entende que a mudança do Ministério da Saúde tem como objetivo reduzir os casos de fraude e priorizar outras especialidades. Segundo ele, agora é feita uma auditoria antes e outra depois da cirurgia.

     "Isso é bom, mas a parte ruim é que os médicos só recebem pelo trabalho realizado depois da segunda auditoria. Na minha opinião, o SUS deveria criar outros meios de acabar desvio de recursos, evitando que o médico ficasse prejudicado se o paciente, principalmente os que moram no Interior, resolverem não voltar ao consultório", pondera.


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