Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Sexta-feira - 16-09-1994
Fortaleza - Ceará - Brasil
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Equipamento importado da Noruega

Imprensa em braille vai ser inaugurada segunda


    O Instituto dos Cegos inaugura, oficialmente, na próxima segunda-feira, às 18 horas, a primeira imprensa em braille no estado do Ceará. Juntamente com o maquinário, que é idêntico ao que existe na Fundação Hilton Rocha, em Minas Gerais, serão inauguradas a sala Rosa Baquit, o auditório Francisco Pessoa de Almeida e a sala de áudio-locução professor Esmeraldino Vasconcelos. “É uma nova visão sobre a problemática da cegueira”, diz o presidente do Instituto, o oftalmologista Waldo Pessoa.

Foto do Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Médico Waldo Pessoa: "uma nova visão sobre problemática da cegueira"

    Foram investidos US$ 140 mil em equipamentos Braillo 400 S, importados da Noruega, Computadorizadas, a impressora, paginadora e encadernadora são capazes de imprimir livros com rapidez. E com isso, suprir o déficit de edições didáticas em braille no Ceará, “Há dez anos não se recebia livros para educação de pessoas cegas”, afirma. “Agora, todo dia tem uma crônica para eles lerem”.
    A inauguração da imprensa integra um projeto da Sociedade de Assistência aos Cegos com ações nas áreas médica, educacional e social. Daqui a 15 dias, a entidade deverá estar recebendo da Alemanha equipamentos para diagnóstico precoce de cegueira em crianças. “Na grande maioria das vezes, a criança não nasce cega, mas precisando de um alto grau”, revela, “Queremos dar-lhes uma melhor assistência, desde o seu nascimento, e definir o que vai ser delas.”
    Os novos aparelhos, que custaram DM$ 25 mil, permitirão um diagnóstico de refração mais rápido e preciso. Assim, as crianças terão um tratamento oftalmológico conforme as expectativas, podendo, conforme o caso, ou recuperar a visão ou adaptar-se desde cedo à sua falta. É um material especializadíssimo para estimulação”, conta. “Isso para que ela se torna socialmente integrada”.
    Atualmente, a clínica do Instituto é a única que faz esses exames no Ceará. Se cobrasse, ganharia R$ 500,00 por diagnóstico. A clínica o faz gratuitamente financiando-o pelo Sistema Único de Saúde (SUS), todos os dias. Em geral, só às segundas-feiras são examinados de quatro a seis recém-nascidos. “Fazíamos isso sem essa aparelhagem; imagine agora que ela vais nos dar recursos óticos”, observa. “Não posso precisar (quantos serão beneficiados)”.
    Lembra porém que as probabilidades assustam porque em quatro meses o Serviço de Estimulação Visual Precoce atendeu 76 crianças com menos de dois anos. “Não existem estatísticas”, garante Waldo Pessoa. “Tudo o que se disser é suposição; eu, que trabalho com isso há anos, até hoje não sei quantos cegos tem o Ceará”.
    Depois do diagnóstico, as crianças podem continuar o tratamento no Serviço de Estimulação, chefiado pela médica Islane Verçosa. Nas segundas-feiras, são diagnosticadas as crianças que precisam ser anestesiadas. As outras são examinadas nos demais dias. As aulas de adaptação à cegueira também são diárias.


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