Jornal DIÁRIO DO NORDESTE
Sábado - 25-10-1997
Fortaleza - Ceará - Brasil
Sociedade dos Cegos homenageia primeiro presidente


Arquimedes Bruno, na época padre da Igreja católica, dirigiu a entidade nos anos de 1942/43. Hoje é empresário na França

A Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC) prestou ontem, no auditório da instituição, uma homenagem ao professor Arquimedes Bruno, primeiro presidente da entidade, no período de 1942 a 1946. ''Foi uma semente que está tendo êxito'', ressaltou muito emocionado Arquimedes Bruno - atualmente residindo na França -, ao falar para os presentes. Ele lembrou as dificuldades que enfrentou no período de sua gestão para colocar em funcionamento as fabriquetas de vassoura e escova, com a renda revertida para a entidade. Na oportunidade, manifestando imensa surpresa e alegria pela homenagem, lembrou Hélio Goes Ferreira, um dos idealizadores da Fundação, que ele chamou de ''apóstolo da visão''. Disse ainda que a homenagem recebida dedicava a todos os diretores que por lá passaram.

Foto do Professor e empresário Arquimedes Bruno
Professor e empresário Arquimedes Bruno recordou dificuldades e a implantação de fabriquetas de vassoura no Instituto

A SAC é uma entidade filantrópica que atua nas áreas de saúde, educação, profissionalização e integração social da pessoa portadora de cegueira. Na área da Educação o Instituto dos Cegos Dr. Hélio Góes Ferreira é uma escola que alfabetiza em Braille, educa e socializa o deficiente visual dentro das linhas da Educação Especial. OItenta e nove crianças, matriculadas regularmente, estudam do maternal à 4ª série, o mesmo currículo das escolas regulares de 1º grau. A assistente social, Socorro Alencar, explica que mais de 200 dificentes são cadastrados para receber qualquer tipo de assistência na área de saúde.

Um total de 289 crianças, na faixa etária de 0 a 12 anos, são beneficiadas no setor de prevenção à cegueira, estimulação precoce e visual. No setor de profissionalização, semestralmente, cerca de 50 deficientes visuais são engajados nos cursos de informática (DOSVOX direcionado para o cego), operador de câmara escura, área de telefonia e cursos manuais como empacotamento, embalagens, empalhamento, dentre outros. Segundo Socorro Alencar, cerca de 70 deficientes visuais já atuam no mercado de trabalho em empregos fixos.

SOLENIDADE - Durante a pequena solenidade, houve o descerramento da placa, homenagem da Sociedade a seu primeiro presidente, por ocasião de sua visita à entidade. Um grupo musical composto por alunos da instituição cantou o hino da escola. Alunos matriculados na instituição entregaram ainda placa e cartaz ao visitante. A diretora-presidente, Maria Josélia Sá e Almeida, falou da sua emoção pela presença do professor e ressaltou a iniciativa que ele teve, há 56 anos atrás, de fundar o Instituto dos Cegos, como também da importância do projeto.

O presidente anterior da entidade, e diretor técnico, Waldo Pessoa, lembrou o ano de 42, quando várias personalidades da sociedade cearense, junto com Arquimedes Bruno e Hélio Goes Ferreira, reuniram-se no Clube Iracema, para assinar a primeira ata de formação da sociedade. Na ocasião, eles ainda analisaram o estatuto pela qual essa Fundação seria regida. O objetivo era combater a cegueira em seus aspectos médico e social. Um representante da classe dos portadores de visão sub-normal falou da gratidão dos deficientes visuais, pela semente lançada em campo fértil e que agora, os resultados já se apresentam com os frutos sendo colhidos.

BIOGRAFIA - Arquimedes Bruno nasceu em 15 de outubro de 1911, na Avenida do Imperador, em Fortaleza. Com o propósito de ordenar-se padre, cursou Humanidades, Filosofia, Ciências e Teologia, no Seminário da Prainha. Aos 22 anos concluía todos os cursos. Como os Direitos Canônicos exigia que um padre se ordenasse somente aos 24 anos de idade, ele ainda permaneceu por mais dois anos no Seminário lecionando matemática, ciências físicas e naturais. No período de 42 a 46, tornou-se o primeiro presidente do Instituto dos Cegos.

A sua gestão foi a mais difícil por ser a da implantação das metas. A prevenção à cegueira começou logo em sua administração, como também a escola para os deficientes visuais, alfabetização e formação de letras. Em 1965, viaja para a França. Na cidade de Ceegy, há 35 quilômetros de Paris, montou uma companhia chamada Bab Cock, para fabricação de caldeiras. Atualmente, já ex-padre e aposentado, é casado com a secretária administrativa Valentine Bouticourt Bruno.

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