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Jornal O POVO
24 a 30 de dezembro de 2006

Fortaleza - Ceará - Brasil
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FATO MÉDICO
Por quem os sinos dobram?


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     Esta pergunta é inquietante no momento, pela situação dicotômica que se nos apresenta.

     Insiste a mídia em convencer a todos, que nesta época de Natal, os sinos dobram para anunciar o nascimento de Cristo. É verdade.

     Não consegue a mídia esconder, que repicam os mesmos sinos, para anunciar os incontroláveis, crescentes e impunes assassinatos que nos circundam a cada instante.

     Enquanto os sinos de Cristo estão ensurdecendo, os de martírios de morticínios assustadoramente crescem, numa vertente que nos levam ao desespero.

     Constrange-nos a insensibilidade que domina o nosso poder institucional das autoridades políticas e jurídica, blindados em seus recipientes estatais, alheios à insegurança da população e ao alarido das famílias que assistem indefesamente ao extermínio dos seus familiares, processo que impede o curso natural da vida. Muito pouco se está atingindo da "MORTE NATURAL", que está sendo substituída pela banalização da "MORTE MATADA". A vida atinge o mais baixo índice valorativo que nos permite conceber a nossa história vivida.

     Tentando resgata a obra prima de Ernest Hemingway, lavada ao mundo através da literatura e do cinema, a chamada Guerra Civil Espanhola (1936-39), de forma interrogativa, duvidosa, lamuriosa e revoltosa (por quem os sinos dobram), buscamos um paralelo para tentar entender, como uma nação dividiu-se impiedosamente, por uma "Revolução Libertária", lutando para conquistar sua Independência Social, e dilacerar-se por não compreender, porque o mesmo sentimento não consegue impingir em nosso país, uma frente de "Combate a uma Guerra pela Libertinagem", que desmoraliza, destrói e humilha os cidadãos que clamam por justiça. Somos Reféns, por um lado, da incompetência dos órgãos de gestão e, por outro, da truculência da violência que dizima os mais puros apelos à vida e ao bem social.

     Neste desalentador panorama de descaso com a vida, tomamos como referência, o assassinato do Dr. Francisco Waldo Pessoa, homem integro, que dedicou sua vida, cheio de esperanças, a recuperar visões, permitindo que luzes e cores impregnassem retinas ávidas de cenas belas, fazendo enxergar, pessoas que não tinham nenhuma expectativa de ver um mundo colorido, mas, que permitiu também, que fosse fotografado no ocaso último, o mutirão autofágico da decomposição putrefata da nossa sociedade.

     Dr. Waldo Pessoa, foi Presidente da Sociedade de Oftalmologia do Ceará, formou muitos especialistas, fez o primeiro TRANSPLANTE DE CÓRNEA do estado, passou sua vida no Instituto dos Cegos pregando e realizando o bem, convencendo às autoridades da responsabilidade pública dos seus atos e da necessidade benéfica dos resultados das suas ações. Teve como reconhecimento as mais altas comendas que um profissional pode almejar. Entretanto, não foi merecedor do benefício da segurança que é uma obrigação Constitucional do Estado. Levou à comoção todos que o conheciam.

     Entre os repiques de todos sinos que tocam, uma lágrima de felicidade para o nascimento de Cristo, e outra, para o incoformismo diante do abandono a que estamos expostos.

     Respondendo à pergunta título, sejamos conscientes: com suas badaladas, no âmago da nossa frustração, reconhecemos que eles dobram por nós!

     Solidariedade Natalina de: Dr. Oziel de Souza Lima – Anestesiologista


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