Jornal O POVO
Sexta-feira - 07-02-2020
Fortaleza - Ceará - Brasil
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Academia de Letras e Artes da Sociedade de Assistência aos Cegos celebra dez anos de atividade com exposição e lançamento de livro


Com exposição de caricaturas de personalidades que contribuíram para a cultura cearense e lançamento do livro Aves de Rapina, a Academia de Letras e Artes da Sociedade de Assistência aos Cegos (Alasac) celebrou seus 10 anos de fundação reunindo acadêmicos no Theatro José de Alencar

Foto do Jornal O POVO
Josélia Almeida, vice-presidente da Alasac (Foto: BÁRBARA MOIRA)

Exposição que percorre os dez anos da Academia de Letras e Artes da Sociedade de Assistência aos Cegos (Alasac) foi aberta nesta sexta-feira, 7. O lançamento do livro "Aves de Retina" também marcou o evento. A obra literária narra a história da primeira década de existência da Alasac. O evento ocorreu no Theatro José de Alencar e teve início com a palestra do presidente e fundador da instituição, Paulo Roberto Cândido, com o tema: "Acessibilidade Literária e Intelectualidade solidária".

Formado em Engenharia Elétrica, Paulo Roberto, coordenador de Projetos da Sociedade de Assistência aos Cegos, foi diagnosticado em 1997 com uma perda progressiva da visão. Ele procurou o Instituto dos Cegos para conhecer mais pessoas e se adaptar às mudanças. Paulo acabou descobrindo um software de computador voltado para pessoas cegas e fez um curso para aprender a usar o recurso.

Acabou se engajando e há 23 anos faz parte da instituição. Em 2007 lançou um livro de poesias e, por meio da publicação, entrou na Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF). Por conhecer diversas crianças e jovens com talentos artísticos na escola do instituto, decidiu fundar a Alasac. Em setembro de 2008 foi realizada a posse das primeiras cadeiras da academia, e de lá até aqui 34 lugares já foram ocupados, do total de 40 que a instituição pretende preencher.

Como patronos, a Academia optou por dar destaque a personalidades que contribuíram com a cultura cearense, como Belchior, Clóvis Beviláqua, Moura Brasil, Chico Anysio, assim como o jornalista Demócrito Rocha, dentre outros. “A academia acaba sendo responsável não só pela inclusão de pessoas com deficiência visual, como também por difundir a toda a população sua própria história por meio das trajetórias de diversas personalidades que já faleceram mas deixaram uma rica contribuição para a cultura cearense”, define o presidente da academia.

O nome do livro "Aves de Retina", ao contrário do que muito podem achar, surgiu de um presente dado à academia por uma voluntária. Uma escultura de pássaro que passou pelas mãos de vários acadêmicos e teve a forma identificada pelo escritor e artista plástico Celso Florêncio. “Quando eu estava pensando no nome do livro eu lembrei que as aves de rapina voam alto para capturar suas presas e pensei: as aves de retina voam alto para capturar seus sonhos”, relembra Paulo Roberto.

Dentre os acadêmicos presentes no evento, Celso Florêncio, de 81 anos, exibia orgulhoso suas esculturas feitas em papel e papelão de diversos ícones da vida comum aos cearenses: igreja, vários brinquedos típicos de parques de diversão, e muitos outras construções que fazem parte da memória do artista. Celso descobriu que tinha catarata em 2006 e precisou se submeter a uma cirurgia. Ele acabou contraindo uma bactéria que o levou a passar por outras cirurgias, terminando por deixar o, antes professor, completamente cego. Celso conta que por ter uma ‘cabeça muito boa’, não se desesperou. Procurou o Instituto dos Cegos e começou a se adaptar a nova fase da vida por meio das aulas de artes. “Na vida nada é fixo. Segundo Platão, tudo muda, menos a mudança”, cita o artista.

Para Josélia Almeida, vice-presidente da Alasac, a atividade da academia é importante para que a sociedade veja que a pessoa cega não é impotente. “A finalidade é capacitar essas pessoas, para que elas possam crescer e voar. Nossa função é dar asas, então eles passam lá e não precisam mendigar nada a ninguém. É assim que mantemos a dignidade dessas pessoas”, explica Josélia, que atua no Instituto dos Cegos desde 1962.

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