Jornal O POVO
Quinta-feira - 09-05-1974
Fortaleza - Ceará - Brasil
Apesar das Promessas
o Cego é Desamparado


    Enquanto o Instituto dos Cegos se bate, junto ao Conselho Estadual de Educação, pelo funcionamento de curso de 1° grau (Parecer n° 328/74), o Senai se vê em dificuldades para introduzir o cego no mercado de produção. Em âmbito nacional, há um esforço conjugado do Governo e da iniciativa privada para aproveitamento dos excepcionais em trabalho que lhes sejam próprios. No Ceará, durou um ano para que apenas um cego fosse admitido na indústria.

    A professora Alaide Fechine, embora manifeste seu otimismo quanto a uma abertura para a aceitação do cego nas fontes de produção, pincelou um quadro sombrio que reclama muita força para ser vencido. No Senai, ela está treinando, no momento, 35 cegos para a mobilidade e para o trabalho e, vez em quando, acode-lhe a dúvida quanto à existência de mercado para estes alunos, cujo sofrimento já não comporta mais frustrações. Ela pretende entrevistar-se com o governador César Cals e expor a situação do cego, tanto em termos de comparação com os cegos dos outros lugares, como em função das realidades que eles enfrentam. Ela diz que o cego precisa de mais amparo para subsistir como pessoa humana e sua deficiência visual em nada afeta as potencialidades dos outros sentidos, por isso que o cego é gente que também precisa de participar do processo de desenvolvimento comunitário.


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