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Jornal O POVO
Quarta-feira - 05-08-1992
Fortaleza - Ceará - Brasil

Dr. Valdo é médico por 24 horas
Missão é acabar com paternalismo como é tratado deficiente visual


    Fazer Medicina 24 horas por dia e do seu plantão no Banco de Olhos, aos sábados e domingos, um divertimento, o médico-oftalmologista Francisco Valdo Pessoa de Almeida, 54 anos, dedica-se há 25 anos à causa dos cegos. Pelas suas mãos, já foram realizadas 4.500 cirurgias oculares, das mais de 20 mil acontecidas no Instituto dos Cegos Dr. Hélio Góes Ferreira, a antiga Sociedade de Assistência aos Cegos, que está completando 50 anos de criação. Adotando como lema de vida uma mensagem espírita - “tente por templo, o Universo; por altar, a consciência; por imagem, Jesus; e por lei, a caridade”, o dr. Valdo não distingue pelo cifrão seus clientes e todos recebem igual tratamento.

Foto do Jornal O POVO
Dr. Valdo luta para que o cego seja
mais assistido pela família

    Trabalhando desde 1967 no Instituto e há 12 à frente de sua direção, lutar para melhorar as condições físicas e conseguir alocar os deficientes visuais no mercado de trabalho tem sido uma constante. Uma das maiores metas está em acabar com o internato dos cegos que, a seu ver, gera muitas mazelas. Ele diz que a família só quer saber do cego enquanto ele tem renda. Depois disso, joga na instituição, até pelo fato de quando foi implantada numa campanha do padre Arquimedes Bruno, o Rotary e a LBA, era oferecido um salário para que eles deixassem de ser os pedintes nas esquinas de Fortaleza. Hoje, eles podem se profissionalizar e ocupar seus espaços, sem necessidade de esmolas ou trato paternalista.
    Seja para falar sobre os deficientes visuais, o instituto ou o Banco de Olhos, o Dr. Valdo supera rapidamente qualquer barreira e encontra um tempinho. Sempre bem arrumado e exigindo o mesmo de seus funcionários, sem vaidade mas em respeito aos clientes, como faz questão de ressaltar. Coração fraco, se emociona ao falar das experiências vivenciadas e principalmente do apelo que sempre escuta: “Eu vim para cá, para o senhor me dá a luz dos meus olhos”. Valdo deplora a discriminação que derruba toda uma luta pela ressocialização do cego, em referência à impossibilidade de o Governo do Estado contratar três que passaram no concurso para professor da Secretaria de Educação.


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