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Jornal O POVO
Quarta-feira - 05-08-1998

Fortaleza - Ceará - Brasil
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Pacientes ganham vida nova após transplante


Nos primeiros sete meses do ano, o Setor de Transplante do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) já realizou 42 transplantes renais.

Para quem vive na fila a espera de um órgão, cada dia é um desafio. José Arilson Cardoso Coelho, 37, passou 10 anos e meio aguardando um rim, fazendo hemodiálise três vezes por semana, quatro horas por vez, sem poder beber água e enfrentando a debilidade do organismo. No dia 11 de janeiro último, ele recebeu um rim novo, no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), onde somente de janeiro a julho deste ano foram realizados 42 transplantes (sendo 16 de doador cadáver e 26 de doador vivo).

Em 1997, foram realizados 68 transplantes (sendo 31 de doador cadáver e 37 de doador vivo). Segundo o chefe do setor de Transplante do HGF, Ronaldo Esmeraldo, o hospital tem capacidade de fazer apenas 50 transplantes/ano, mas por causa da demanda a meta é superada.

O problema de Arilson só foi percebido por causa de alguns sinais como vista turva e hipertensão. Segundo ele, nunca sentiu nada nos rins e por isso demorou a procurar o médico. "Quando descobri, já era tarde demais", lembra. Ele conta que encontrou forças em Deus e procurou levar uma vida normal, apesar do problema e não viver em função do tratamento. Desde que fez o transplante, Arilson afirma que está tentando se adaptar à nova vida. Cerca de 70% dos transplantados voltam a trabalhar."A diferença é que hoje eu vivo. Simplificando é isso", diz Arilson Coelho.

Arilson chegou a conhecer uma pessoa da família do doador. "Mas é muito difícil o diálogo, conversar sobre o assunto, mesmo agora ainda é muito recente", diz. Ele acrescenta que o sentimento de gratidão pela família que doou os órgãos é imenso. "Ele possibilitou a continuidade da vida para mim", afirma se referindo ao doador.

Desde os 16 anos que Marcos Adriano de Oliveira Guedes, 18, começou a ter problemas de visão no olho esquerdo. Usava colírio e mudava as lentes dos óculos, mas aos poucos a habilidade foi sumindo da vista esquerda. Até que os médicos constaram uma lesão na córnea e precisa de uma nova para que ele voltasse a enxergar pelo olho esquerdo. O olho direito continuou normal apesar do grau miopia que persiste.

Ao contrário de Arilson, Marcos recebeu a nova córnea em cerca de três meses após sua inscrição na fila de espera. Faz um mês que ele fez a cirurgia no Instituto dos Cegos. "Eu nem acreditei quando me ligaram", conta a mãe de Marcos, Cleuda Maria. Marcos ainda vai passar por um período de adaptação, durante o qual não poderá pegar peso, nem sol, e deve evitar poeira e claridade.


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