Imagem do Símbolo SAC NA PONTA DOS DEDOS

Sociedade de Assistência aos Cegos - SAC
Ano I - Nº 27 - Fortaleza, 11 de Dezembro de 1998
Boletim diário editado e impresso em braille e tinta na
Imprensa Braille Rosa Baquit
Fortaleza - Ceará - Brasil
http://www.sac.org.br


Bom dia Leitor

        É com enorme satisfação que faço chegar à todos que fazem esta entidade, este pequeno – grande jornal. Pequeno, pelo seu limitado número de páginas e grande na intenção de informá-las, desejando a todos um Natal de venturas e um 99 de realizações plenas.
        Boas Festas! 

Maria Socorro Gonçalves de Alencar
Assistente Social da Sociedade de Assistência aos Cegos

  "Diante da vastidão do espaço
   E da imensidade do tempo
   É uma alegria para mim
   Partilhar um planeta e uma
   Época com você."
 (Carl Sagan)

REFLEXÕES EXISTENCIAIS

Professor Alencar
Deficiente Visual, ex-aluno e ex-professor do Instituto de Cegos

        Creio que não estarei cometendo nenhum exagero ao afirmar que poucas coisas ferem tão profundamente a alma humana quanto o vazio existencial; O não ter e o não ser, reduzem qualquer pessoa a um simples espectro de cidadão; Foi na tentativa de fugir desse vazio existencial e de buscar algum tipo de afirmação, que me lancei de maneira determinada porém conseqüente na luta pelo meu espaço social.
        Tudo começou naquele longínquo agosto de 1973, quando já com 22 anos de idade, sentei-me pela primeira vez em um banco escolar, dividindo com criancinhas de tenra idade, uma classe de alfabetização; Duas semanas depois, já alfabetizado pelo sistema Braille, deixava eu, os meus coleguinhas de classe e de infortúnio, por ter sido promovido às séries subsequentes; No final daquele mesmo ano, recebi certificado cada quarta série primária.
        O ano seguinte, reservou-me tarefas mais árduas: Apoiado em conhecimentos adquiridos por um acompanhamento quase que religioso, de todas as aulas radiofônicas veiculadas pelo então Projeto Minerva, complementando os meus conhecimentos com o uso do Sistema Braille, submeti-me às provas dos supletivos de lº e 2º graus, respectivamente no meado e no fim do ano em questão. Tendo logrado êxito nos referidos supletivos, matriculei-me em um pré-vestibular em 1975.
        No primeiro semestre de 1976, ingressei na Universidade Estadual do Ceará, por ter obtido o quarto lugar no vestibular para o curso de Historia. Na Universidade estabeleci varias e duradouras amizades. Após quatro anos de dedicação absoluta, vim a concluir a faculdade em 1979; No ano seguinte ingressei no Estado para ensinar no Instituto de Cegos, onde me encontro até hoje.
        A luta foi árdua e incessante: Os embates que a vida me trouxe, custaram-me Suor, Lágrimas e Sangue. O suor banhou o meu rosto, sempre que sob um sol inclemente, tive de ficar nos pontos de ônibus, nos sinais de trânsito ou na minha via cruces pela rua desta cidade; as lagrimas inundaram-me os olhos naquelas horas em que meu espírito fraquejou diante de situações aparentemente fáceis, mas que as minhas limitações tornaram-nas intransponíveis; O sangue, esse me gotejou da fronte oriundo das brutais e doidas escoriações abertas em mim, sempre que o destino me colocou face aos incontáveis postes, muros e árvores que povoam esta cidade.
        Assim falando, não quero fazer apologia do sacrifício, nem tão pouco tomar uma postura de auto-comiseração. Quero sim, apresentar uma realidade vivida, a qual tem muitas testemunhas, a começar pelos meus pais, que erguiam as mãos aos céus sempre que me viam chegar de mais um dia de luta.
        Se tudo que consegui, vier a ser considerado muito ou pouco, por um ou outro, não faz mal. A mim gratifica a maneira como tudo foi conseguido. A mim, me conforta os meios e os processos que me levaram a essa consecução. Não obstante alguns sonhos haverem malogrado, outros tantos floresceram. O importante, entretanto, é que o confronto entre eles resultou positivo. Se algo redundou em fracasso, não importa, pois como disse o poeta:
        "Tudo vale a Pena, se a alma não é pequena"
                                                                                        (Fernando Pessoa)

 (Texto extraído da monografia apresentada  a Universidade do Vale do Acaraú, para obtenção do título de especialista em  Metodologia de ensino de lº e 2º graus.)

Curiosidades

        1 – Você sabia que dos 100% de cegos cadastrados e assistidos nesta entidade, aproximadamente 30% residem no Bairro do Henrique Jorge?
        2 – Você sabia que a primeira transfusão de sangue foi feita em 1942. E que foi administrada no Papa Inocêncio VIII.
        3 – As aves têm uma visão cem vezes maior que a visão de um homem de vista normal. Enxerga a cem metros, um grão de areia que a um metro de distância, o homem não divulga.
        4 – Você sabia que as impressões digitais de uma pessoa, existem desde o 4º mês de vida uterina e permanecem até a decomposição cadavérica não de modificando nunca? 

 "Acho que acabo de encontrar uma
  resposta para o problema dos cegos.
  Agora nós podemos nos libertar."

               Luis Braille

 Classificados

         1 – Seu telefone quebrou. Aproveite e adquira ainda hoje um novo aparelho pelo menor preço no mercado. Ligue: (085)292.3843 e fale com o nosso amigo Oliveira.
        2 – Ornamente a sua casa com lindo tapetes, almofadas, etc e receba grande elogios. Encomende-os a nossa amiga Lineide.
        3 – Pra você que é charmosa, feminina e gosta de dispertar atenções. Use e abuse das bijuterias mais atuais do momento. Ligue: (085)292.3843 e solicite a visita da criativa Euzenir da OLIBIJÚ.
        4 – Vista-se com estilo e elegância, usando os modelitos mais transados, criados e confeccionados pela nossa professora Rita. Vale conferir.
        5 – Embeleze-se comprando produtos de beleza ao nosso porteiro Francisco.

 Humor

         O netinho sentou-se no colo do avô e disse:
        -- Vovô, fecha os olhos!
        -- Pra quê meu netinho?
        -- Por que papai disse que quando o senhor fechasse os olhos, nós ficaríamos ricos.

        Um bêbado depois de uma noite de farra apanhou um taxi para ir embora.
        Taxista:
        -- Pra onde senhor?
        Bêbado:
        -- Para o Alto do bode.
        Ao chegar no destino:
        Bêbado:
        -- Quanto foi a corrida?
        Taxista:
        -- Vinte reais.
        O bêbado tirou dez reais do bolso e deu ao taxista. O mesmo sem entender tornou a dizer que era vinte reais. E o bêbado:
        -- Não, é rachado. Tu não veio comigo. É dez meu e dez teu.       


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