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Sociedade de Assistência aos Cegos - SAC
Ano II - Nº 97 - Fortaleza, 08 de Novembro de 1999
Boletim diário editado e impresso em braille e tinta na
Imprensa Braille Rosa Baquit
Fortaleza - Ceará - Brasil
http://www.sac.org.br


Bom dia, leitor!

    Muitas das recompensas da vida vêm com o aprendizado da perseverança e do trabalho bem concluído.
    Acredito que trabalhar com educação especial é saber amar, pois o amor é o centro de tudo: das emoções... dos sentimentos... de nossa força... de nossos objetivos...; pois de alguma forma procura-se construir caminhos, transpor obstáculos e tornar a vida mais simples para pessoas tão discriminadas e rotuladas.
    E através dessas edições diárias procuramos passar sempre um pouco mais dessas experiências tão marcantes e causadoras de tantas mudanças. Acredito que qualquer mudança parte de dentro de nós.

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Fique de olho!

Jucimar L. J. Sidney
Professora do Instituto de Cegos Dr. Hélio Góes Ferreira
Alfabetização A e da 2ª Série

Conhecendo o nosso trabalho

    As crianças da alfabetização A, são crianças alegres e dinâmicas. São oito crianças cegas, algumas com deficiências múltiplas, sem nenhum tipo de dificuldade na aprendizagem, até mesmo porque, aprender tornou-se uma brincadeira constante e seus recursos (reglete, punção e sorobã) são os brinquedos prediletos. Na maior parte do tempo, são criativas em toda e qualquer situação ou conteúdo colocados e principalmente nas contações de estórias, jogos e teatro. Adoram trabalhar em grupo, mas, quando necessário são independentes na execução de suas atividades.
    Às vezes torna-se difícil a execução dos trabalhos, não pelo nível de maturidade e aprendizagem de uma criança e sim pela outra deficiência existente e/ou participação dos pais.
    Os conteúdos são os mesmos aplicados em escolas regulares, com apenas a pequena diferença de termos em nossa metodologia, além da cartilha, uma pré-cartilha, atividades da vida diária (como escovar os dentes, pentear o cabelo, vestir-se...), jogos com figuras adaptadas em relevo e com escritas Braille, e recursos educativos especiais.

“(...) os movimentos individualização/personalização do ensino correspondem a tentativas de aproximação da ação auxiliar (ensino) ao seu objetivo essencial (educação).”

Lobo Neto

    Cada dificuldade, confusão e dúvida são compensadas com mudanças na rotina de sala de aula ou descobertas e novidades programadas, sem fugir a disciplina e conteúdos correspondentes.
    Cada criança tem sua individualidade. E o que posso, quando posso, procuro reforçar sempre os menos ágeis e menos adiantados para colocá-los num mesmo nível, tornando assim mais fácil o controle do planejamento e o relacionamento entre eles, criando um clima de amizade e companheirismo.
    São meus alunos e a eles pertence todo o mérito. Foram seus esforços, carismas e interesses que fizeram esse ano um ano promissor.

Jucimar Luiza Jucá Sidney

Destaque
ENSINO DE QUALIDADE

 

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    Recursos com qualidades e criatividade, com transcrições e adaptações para o Braille são apenas alguns atrativos utilizados em sala de aula para estimular crianças deficientes visuais e ditas normais.

    Como sugestão de atividade, a professora poderá aplicar, tanto na educação de crianças na fase preparatória (pré-escolar) - na representação de sons correspondentes as iniciais dos nomes dos objetos correspondentes; quanto no período da alfabetização (ou início de 1ª série) - na representação de palavras e na correspondência de figuras ou objetos.
    Utilizando caixas, cartolinas, sucatas, miniaturas e a criatividade, poderemos fazer cartazes alfabéticos ou silábicos. Observe o desenho acima.
    Para montar basta pegar uma caixa cortar, tirar a parte de cima, deixando apenas o fundo, e diminuir a frente para que fique expostos visualmente os objetos colocados. Cole na frente da caixa uma letra (ou sílaba) ampliada - para alunos normais ou de visão sub-normal - e uma letra (ou sílaba) em Braille ampliado do tamanho da palma da mão para que a criança cega possa ter a visualização total da mesma.
    A criança escolherá entre tantos outros objetos aquele que comece com a letra ou som(sílaba) correspondente ao cartaz-caixa. Ela observará a letra ou sílaba mostrada e escolherá com ajuda do professor o objeto correspondente.

LIÇÃO VITORIOSA

    Todo profissional, mesmo tendo vários anos de trabalhos com crianças portadoras de deficiências, suscitam o crescimento diário, em cada atividade, em cada conferência, em cada momento de sua vida.

Para ler e Refletir
EXORTAÇÃO DO EXCEPCIONAL

    Aceita-me do jeito que sou por questão de justiça e não por piedade.
    Torna-me um ser útil porque de esmolas não quero viver.
    Livra-me da ignorância e da dependência pelo teu dever de cidadão.
    Põe em meus lábios a luz de um sorriso e não a sombra tristonha do medo.
    Ajuda-me a não ser tão pesado a meus pais, fazendo minha reintegração na sociedade.
    Reflete que meu início foi igual ao teu início.
    Saiba que as ilusões que cercaram o meu nascer foram as mesmas que teus pais sonharam.
    Desperta, com teu afeto, a minha mansidão contra a agressividade que avassala.
    Olha-me!

    Sou humano como você.

SURPRESAS DE DEUS
Uma criança muito especial

    Muitas mulheres tornam-se mães por acidente, algumas por escolha e uma poucas por hábito. No Brasil, 10% das crianças que nasceram são deficientes.
    De alguma maneira, visualiza Deus pairando no ar, sobre a Terra, selecionando seus instrumentos de propaganda com muita deliberação e atenção. Conforme observa, vai instruindo seus Anjos para anotarem em um grande livro.
    “ - Para Antônio e Elizabete, mande um menino. Santo padroeiro... S. Mateus. Para Francisco e Cristina, dê-lhes uma menina, Santa padroeira, santa Cecília. Daniel e Sônia... gêmeos, Santo padroeiro... dê-lhes São Geraldo; ele já está acostumado a profanações.”
    Finalmente, passa um nome ao Anjo e sorri:
    “- Dê-lhes uma Criança deficiente.”
    O Anjo curioso pergunta:
    “- Porque a eles, Senhor, se são tão felizes?”
    “- Exatamente por isso, poderia eu dar uma criança deficiente a uma mãe que não soubesse sorrir? Seria cruel demais!”
    “- Mas ela é paciente?” - pergunta o Anjo.
    “- Não a quero muito paciente, ou mergulhará num mar de autopiedade e desespero. Uma vez passado o impacto do choque do ressentimento, ela saberá controlar a situação. Eu a estive observando: tem a sensibilidade e independência tão raros e necessárias à mãe. Veja a criança que vou lhe dar, ela terá seu próprio mundo, e isso não é fácil”.
    “- Mas Senhor, nem mesmo sei se ela acredita na sua existência!”
    Deus sorriu.
    “- Não importa, nisso posso dar um jeitinho. Sim, ela é perfeita! Tem o egoísmo suficiente”.
    O Anjo assustou-se:
    “- Egoísmo? E isso é virtude?”
    Balançando a cabeça afirmativamente, Deus respondeu:
    “- Se ela não conseguir separar-se ocasionalmente de seu filho, não sobreviverá. Sim aqui está a mulher que abençoarei com uma criança menos perfeita. Ela ainda não tem consciência disto, mas É UMA ESCOLHIDA. Ela nunca desprezará uma palavra dita, nunca considerará um passo como corriqueiro. Quando seu filho pela primeira vez puder dizer “mamãe”, ela presenciará um milagre e saberá que é um milagre. A ela darei o dom de ver claramente o que Eu vejo, ignorância, crueldade, preconceito... e dar-lhe-ei o dom de passar sobre elas, nunca estando sozinha. Estarei a seu lado cada minuto de cada dia de sua vida, porque ela estará fazendo meu trabalho tão bem como se estivesse aqui ao meu lado”.
    “- E o santo padroeiro, quem será?” - perguntou o Anjo com a caneta no ar.
    Deus sorriu:
    “- Um espelho, para a mãe, será suficiente”.


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