SOCIEDADE DE ASSISTÊNCIA AOS CEGOS
60 ANOS
Ensinando a Ver o Mundo
Blanchard Girão
Páginas: 189-196


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CAPÍTULO VII

ÁREA DE SAÚDE GARANTE
A AUTO-SUSTENTABILIDADE

     O cronograma, ou o design da Sociedade de Assistência aos Cegos foi traçado no texto dos seus estatutos, que consideramos, na abertura deste livro, uma autêntica constituição, obra que sintetizava todo o projeto idealizado por Hélio Góes e Arquimedes Bruno, os dois gigantes da sua criação.
     Na medida em que iam sendo cumpridas as diversas etapas do projeto, procedia-se a adequações estatutárias, permitindo, assim, a integração de outros setores que o crescimento da entidade exigia. De um certo modo, porém, quase tudo estava concebido ou previsto, como se houvesse no cérebro dos seus fundadores a projeção da imagem futura daquele sonho pouco a pouco se tornando realidade.
     Como ficou visto, houve momentos de tão sérias dificuldades que o plano de Hélio Góes e Arquimedes parecia estar com seus dias contados. Vimos, entretanto, que o ânimo forte dos combatentes levou à superação de todos os aparentemente insuperáveis obstáculos.
     Era preciso uma definição sobre a base financeira indispensável à sustentação da casa. A benemerência popular, as fontes sempre falhas dos recursos públicos, as campanhas desenvolvidas pelas damas rotárias, pelas "domadoras" dos Lion’s Clube e de outros que se achegaram para ajudar a conduzir o barco ao seu destino, não bastavam para garantir aquele quadro projetado na multiplicidade dos artigos e parágrafos dos estatutos originais e seus aditivos.
     Impunha-se a conquista de uma base segura, um meio eficaz para permitir a efetivação de todas as idéias pretendidas.
     Em certa fase da SAC, dela aproximou-se o empresário Alberto Baquit, homem de largo descortino, que discutiu com os diretores um plano para dar à entidade uma situação de auto-sustentabilidade. Esse plano amparava-se na área de saúde, cada vez mais ampla no atendimento a milhares de pessoas que acorriam à procura de tratamento clínico ou cirúrgico para seus problemas de vista.
     A essa altura, a Casa da Amizade, sob a liderança da Srª. Dirce Bonavides Borges - o lar generoso das damas rotárias - já havia contribuído para a implantação do Centro Cirúrgico e ajudava na materialização do hospital da instituição. Houve apoio importante de figuras de projeção na economia cearense, como o industrial Pedro Philomeno que complementou com verbas pessoais aquilo que já fora obtido pelo empenho das rotarianas e de outras vontadosas colaboradoras da Sociedade.
     Estava, assim, montada a estrutura fundamental para a SAC poder formalizar um projeto econômico – financeiro capaz de assegurar-lhe a sobrevivência sem maiores sobressaltos.
     Presentemente, a área de saúde do Instituto dos Cegos Dr. Hélio Góes Ferreira, face exposta da Sociedade de Assistência aos Cegos, está composta das seguintes unidades:
      

     Hospital Alberto Baquit Júnior
     Unidade Oftalmológica Ieda Otoch Baquit
     Banco de Olhos do Ceará
     Residência Médica de Oftalmologia
     Odontologia e Unidade de Prevenção à Cegueira Cel. José Bezerra de Arruda.

      Unidade Oftalmológica Iêda Baquit
Unidade Oftalmológica Iêda Baquit

 

O PORQUÊ DA
GRATIDÃO AOS BAQUIT

Alberto Baquit
Alberto Baquit

     Parecerá estranho a alguém que desconheça a história da Sociedade de Assistência aos Cegos a constância do sobrenome Baquit na nomenclatura de várias unidades da instituição. É fácil explicar-se.
     A SAC tem um dever de gratidão a essa família. Como antes ficou registrado, coube a Alberto Baquit a idéia de sugerir nova estrutura organizacional da entidade, de modo a conceder-lhe a condição de auto-sustentabilidade. Com seu agudo espírito de empresário, Alberto entendeu, em seus contatos com a velha casa de filantropia, que jamais poderia haver uma expansão do seu projeto assistencial apenas com base em recursos provenientes de promoções especiais em busca de meios financeiros e nas sempre incertas verbas públicas. A Sociedade deveria ter sua fonte própria de rendas. E o caminho era através da sua composição clínico-hospitalar. Sem prejuízo nenhum para seu primado altruístico, mantido e até mesmo ampliado o seu caráter benemerente, as clínicas e o hospital, uma vez modernizados e em um nível de atendimento para demandas de vulto, passariam a atender a uma clientela capaz de pagar as consultas, cirurgias e outras atividades médico-hospitalares. E nesse plano necessariamente estaria a celebração de convênios quer com o Sistema Único de Saúde, o SUS, como ainda, e principalmente, com a rede de assistência privada, as grandes empresas prestadoras de serviço de saúde. Baquit, afinal, descobrira o "ovo de Colombo", patamar da autonomia financeira da instituição.

     A essa altura, já ia em adiantado avanço a construção do hospital da SAC, obra para a qual, precisa ser dito, Alberto Baquit contribuiu com recursos próprios, ao lado de outros empresários, a exemplo de Pedro Philomeno.
     Foi quando o valoroso colaborador da SAC sofreu um rude golpe, a perda do filho que conduzia o seu próprio nome: Alberto Baquit Júnior. A diretoria da Sociedade, sem discrepância, deliberou prestar uma homenagem ao jovem filho de seu colaborador, dando ao hospital a denominação de "Alberto Baquit Júnior".
     Vamos encontrar outra evidente prova de gratidão da SAC aos Baquit de um modo geral e a Alberto, em particular. Dona Iêda Otoch Baquit, sua esposa, assumira a tesouraria em substituição a outro grande colaborador, José Romeu de Vasconcelos, atual 1º Vice-Presidente do Conselho Deliberativo, e tesoureiro após o período de Aluisio Riquet. De modo inesperado, falece Dona Iêda em São Paulo, ela que dera substancial apoio à ordem financeira da Casa.
     Nessa nova e triste ocasião, a SAC quis dar uma evidência de seu reconhecimento ao trabalho voluntário e afetuoso de Dona Iêda, em plena sintonia com o esposo, batizando-lhe a Unidade Oftalmológica de Iêda Otoch Baquit. Nada mais justo.
     Existe ainda uma terceira reverência à querida família quixadaense, com a designação de Rosa Baquit, genitora de Alberto, para a Imprensa Braille da entidade, onde também se fez sentir a orientação do nosso valoroso benfeitor.
     Os Baquit estiveram e continuam presentes no cotidiano da sexagenária entidade, através de Nágela, filha de Alberto, sucessora da mãe na tesouraria, à qual serve com o mesmo amor e devoção; de Paulo Roberto, outro filho de Alberto, atualmente ocupando a 1ª Vice-Presidência da Diretoria Executiva e provável futuro presidente da SAC; de Marcelo Otoch Baquit, conselheiro, e sua esposa, Drª. Fernanda Baquit, dentista da SAC; de Jorge Otoch Sobrinho, primo de Iêda Otoch Baquit, que desde longos anos vem oferecendo a sua experiência como advogado e como empresário bem-sucedido nos trabalhos administrativos da Sociedade e de José Mauro Dias Coelho que, embora sem laços de sangue com os Baquit, mas a eles intimamente ligado em atividades empresariais, é, sem favor, um dos esteios da entidade no momento em que ela alcança, vitoriosa, os seus 60 anos de existência, tendo-o como profícuo Diretor Administrativo.

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